sábado, 16 de outubro de 2010

Sabes...

Sabes, um dia trabalhei com a areia.

Os grãos são bons operários ao sol,

Quando banhados pela água arrefecem até a mágoa.

Constroem grandezas na nossa morfologia,

Motivados pelo vento e barrados pelo suor.


A irritação é parte constante dos chefes do destino,

Regulados por conceitos esvaziados,

Banhados em águas que não conseguem lavar estes grãos que a tudo se agarram.

Bons operários ao sol… belos operários!


Sabes, nesse dia não havia sol, nem lua.

Nesse dia só existiam chefes do destino,

Tal como sempre, eles estão presentes,

Comandam esses grãos penetrantes, á margem do espraiar da ondulação.

Ocultam-se naquele turbilhão de realidade e sonhos; ocultam-se em nós.


Sabes, esse dia… não me lembro quando foi.


Procurei encontrar um ou outro grão que pudessem motivar a minha memória,

Procurei por todo o limiar dos chefes do destino,

E nenhum me soube responder.

Disseram-me para perguntar aos do próximo turno,

Mas que certamente não ia encontrar qualquer lembrança.

A brisa constante que desde então se fazia sentir, certamente já havia levado esses grãos

Ate ao limiar dos chefes do destino,

Onde a água varre todas as mágoas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

...

Naqueles dias em que todos se esquecem, eu recordo-te com amor...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Forte como és

Forte como és, levam-te em braços até ao teu leito onde todas as noites escutas ouvindo com muita atenção, sempre a mesma música. Uma canção que te aquece o coração, enfraquecido de uma paixão enorme que escorre em direcção a um infinito precipício. Estas expectante, ofegante e ansioso, e nesses momentos rezas e teces preces aos céus, és forte, muito forte mas um pouco triste. Estendes um braço tentando alcançar uma gaveta, aquela onde guardas toda a tralha, a mesma onde nunca deixaste repousar o teu coração, mas aquela onde colocaste todos os outros, e a mesma onde os trancaste. Procuras por ele, entre um e outro que lá ficou esquecido, entristeceste com a tua falta de coragem em os devolver, e num golpe de raiva voltas, tal como todas as noites, a fechar a gaveta. Irritado e fraco bates com toda força que te resta no peito, cravas as unhas fortemente na pele e rasgas camadas após camadas, e quando chegas por fim onde querias, olhas lá para dentro e descobres que nem todas as almas são terreno fértil para visões e sonhos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O teu amor

Naqueles dias em que procuraste entender o amor, desconhecias que este pode ser feito de ódio, com a capacidade enorme de criar e destruir. Nesses tempos acreditavas que os sonhos eram feitos de vontades, palavras ou momentos ternos de uma inocência ingénua normal da tua idade, tenra e terna. Mantinhas pensamentos simples motivadores de actos complexos. Dizias palavras doces, com amor. Os teus sentimentos eram limpos.

Hoje notas que há quem tenha interesse no teu estado, procure disfarçar os teus erros para que não saibas o que eles representam e o impacto que têm no amor. Todos olhamos para o céu em busca de esperança, com medo de virar a página porque o capítulo está a chegar ao fim, e tu já sonhaste tanto… e agora tens de seguir numa direcção que ainda não existe.

Amanha, quando os sonhos pareçam pesadelos, e a idade já não seja tão ingénua, o amor já terá abafado tanto a mágoa, que irás olhar para trás com carinho.

terça-feira, 27 de julho de 2010

nós

eu tu nós sorrisos línguas toques sensações olhos orelhas dentadas nós dentes arrepios olhares festas dormir acordar abraçar apertar morder brincar barriga pernas mãos dedos pés festas sentir (muito) eu tu nós

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Como não errar for dummies"

As palavras… essas não as leva o vento, leva a memória! Só lamento essa facilidade em esquecer, essa facilidade em fingir que nada se passou. Falar é fácil, talvez por isso sempre preferi conversar, sempre preferi agir, fazer tudo da forma mais difícil, realizando tudo quanto me fosse objectivo. Falhando tantas vezes à conta de falácias, que me foram, e que me impingi… mas o tempo tanto quanto leva, trás de volta.

Por isso vou escrever um manual, “Como não errar for dummies”. Fácil será, sendo que basta olhar para o meu curto percurso existencial, procurar uma boa fita métrica para medir os erros, calcular a distancia destes, e um pouco mais, a sua projecção no futuro. O manual não tem respostas, não é claro, talvez até seja necessário reler várias vazes para perceber algumas partes. Agora se isto parece confuso, imagina a minha cabeça após esse somatório de quilómetros e subtracção de palavras…

É bom quando nos perdemos em frases, quando algumas palavras são o suficiente para nos fazer sonhar, quando essa voz se torna em tudo… mas é apenas isso, e as palavras borram-se da memória e borram-se do papel. Ai esta o meu maior problema, e é por isso que consigo escrever este manual, porque eu não esqueço. Sendo que cada uma dessas palavras fica marcada como uma ferida no corpo (uma ferida que passa por várias fazes, a pele saudável, o corte, o sangrar, o penso para evitar que infecte e disfarçar, a infecção, o sarar…), mas contudo, mesmo depois de sarar fica uma cicatriz, e essa zona torna-se mais sensível… tanto que quando lá tocam, parece que ainda esta aberta. Por isso muito cuidado com as zonas do corpo que feres, pois talvez um dia mais tarde, já ninguém lhes possa tocar, nem tu próprio.

Ah… quanto ao manual… esse não pode ser escrito, pois os erros, são a parte divertida da vida.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Alcool e cigarros

Enquanto respondo a um quizz estúpido do facebook, encontro um texto que se refere ao amor, à perda de quem amamos. Numa frase de afirmação o autor diz que na perda, há quem se drogue, tome calmantes, beba, fume, viaje para fugir. E refere que nenhuma destas atitudes mata a saudade.
Ninguém sabe ao certo o que diz no momento da perda… não existe recompensa, em fugir ou poluir o corpo com qualquer tipo de drogas, locais, ou até com o corpo de outrem. A mágoa persegue cada um á sua maneira. Mas hoje eu experimento e sinto como todas elas ajudam; é estúpido, mas o fumo de um cigarro consola-me na companhia de silêncio, de silencio visual, de qualquer tipo de silencio sensorial. O álcool conforta, inunda a alma, preenche-a, e eleva o espírito, deixa-nos atordoados e esvaziando a mossa cabeça, o corpo fica dormente e parece que não sente. Dá-nos turvos momentos de alegria. Uma viagem feliz onde consigo ver tornada real, toda e qualquer vontade que eu tenha.
É estúpido perceber como nada nos ajuda nestes momentos. Mas hoje, e noutros dias, percebo e agradeço pelo conforto que me deram.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Night is ok...

http://www.youtube.com/watch?v=783RXCzgePw

terça-feira, 8 de junho de 2010

Assim sou...

Eu faço colecção de beatas. Que nada têm de religioso. Guardo-as porque não me basta aquele cheiro horrível nos dedos, pois estes depois de lavados perdem toda e qualquer recordação. Com elas guardo todas as canções que ouvi durante uma noite, enquanto recosto a cabeça sobre o seu último fio de fumo, turvo e inconstante que se dissipa em poucos segundos.
Por vezes guardo larvas de frutos proibidos, passados do prazo por tanto tempo esquecidos no cesto. Porque amores que matam, nunca morrem. Por isso, não como uma maçã todos os dias. Não tenho piedade, e por isso mesmo, criança de tristes olhos, apodrece. Porque o amor quando não morre, mata.
A vida comigo vai-se juntamente com aquilo que escrevo. Tal como uma garrafa, a par, de toda a incompreensão, e dessa amante oportuna que se chama Memória, e que todas as noites, de todas elas, foi, e é sempre, a única fiel e que me deixou sempre a porta aberta.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Já é tarde...

E a brisa seria o acariciar que aviva o fogo do nosso amor, num ou noutro dia, em que o frio gelasse o teu coração. E talvez, quando o tempo se tenha distanciado o suficiente, essa brisa do final de Agosto, te aqueça a memória.

Ficam as recordações, a saudade, e a nostalgia enorme por um futuro desconhecido. Hoje fumo muito, perco tantas quantas noites tenho sem sono num erro continuo. Por vezes o álcool foi refúgio, a pele também, aquela procura nocturna de algo que preencha a alma carente, por tantas estradas quantas a vontade e a incerteza me podia dirigir. Hoje não durmo, decidi que não me apetece, a noite já não é aquela pausa solene. Não sonho, mas tenho saudades de tal, não sei sequer se quero, não sei bem o que quero. Reclamo por um objectivo.

Queria parar o mundo por um segundo, um segundo passado, onde guardo toda a minha bondade amorosa e todo o meu amor-próprio, a minha vida secreta. Um segundo onde sorrio sem mostrar os dentes, um segundo numa praia secreta num barco velho. Um segundo em quatro paredes sem janelas. Um segundo naquele sofá… um segundo de paz. Acendi outro cigarro, ah como me fazem companhia…

Queria arrancar o meu coração. Arrancar e poder polir todos os pontos baços, deixá-lo brilhante, limpo. Queria o teu coração nas minhas mãos, sem escorrer por entre os dedos. Ninguém precisa de saber.

Está escuro, e tudo o que vejo são recordações. E eu assim preferindo, fico aqui, onde ninguém sabe o que quero. Afirmo que o presente esta longe, mas eu não, e sempre que quiseres, eu estou aqui perdido, neste tempo sem nome.

O sol já nasceu, hoje está calor, tu aqueces-me. Durmo com duas almofadas, uma mais alta e rija, a outra de penas, suave, macia e vazia.

Vou comer, já é tarde.