terça-feira, 8 de junho de 2010

Assim sou...

Eu faço colecção de beatas. Que nada têm de religioso. Guardo-as porque não me basta aquele cheiro horrível nos dedos, pois estes depois de lavados perdem toda e qualquer recordação. Com elas guardo todas as canções que ouvi durante uma noite, enquanto recosto a cabeça sobre o seu último fio de fumo, turvo e inconstante que se dissipa em poucos segundos.
Por vezes guardo larvas de frutos proibidos, passados do prazo por tanto tempo esquecidos no cesto. Porque amores que matam, nunca morrem. Por isso, não como uma maçã todos os dias. Não tenho piedade, e por isso mesmo, criança de tristes olhos, apodrece. Porque o amor quando não morre, mata.
A vida comigo vai-se juntamente com aquilo que escrevo. Tal como uma garrafa, a par, de toda a incompreensão, e dessa amante oportuna que se chama Memória, e que todas as noites, de todas elas, foi, e é sempre, a única fiel e que me deixou sempre a porta aberta.

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