quarta-feira, 17 de agosto de 2011

hoje...

Esta noite vou negar-te três vezes antes que chegue a alba, pois guardo em mim todos os sonhos de um bater de peito pouco civilizado, perdidos num mês de verão, como se as vontades não chegassem a bom porto, cúmplices de luto de um coração que tenta dormir sem discutir com a almofada. Como posso acordar num presente perfeito todas as manhas, de um possível, final de uma alma despida que tenta escolher entre a memória e o esquecimento, sem orgulho ou moral. As verdades não têm complexos, e as mentiras parecem mentiras quando fundidas com a noite que só aguarda e procura ,tantas vezes, um nada de um amor vivo e puro, que ocupara um lugar, não melhor, simplesmente diferente deste mesmo.


quinta-feira, 26 de maio de 2011

As senhoras primeiro

A quem me roubou todas as noites guardadas nos lábios, sonhadas entre corrupios de turvos fios de fumo de cigarros, enquanto pelas ruas marchavam dançando sombras de albas horas, ao som de trovões e notas de pingos.

O meu coração partiu no último comboio de uma noite sem sono, e assim obrigou-me a percorrer a cidade, com passos sem destino, nessa hora maldita em que os barcos estão prestes a chegar de um mar morto, e enquanto tento beber toda a minha incompreensão de uma garrafa que não parece ter fim.

Ofereci o mundo em troca de um coração, numa noite em que quis um bater de peito civilizado, “Por favor, as senhoras primeiro… Eu insisto. Não venho de lugar algum, e tu, não sabes para onde vais, caminhamos juntos?!"

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Como será hoje...

Não é perfeita mas esta próxima daquilo que sempre sonhei, bebo dela golo a golo porque me atordoa o pensamento e adormece o sentir, mas não compromete a memória. Senta-se comigo a mesa e faz-me companhia, percorre-me o corpo e sussurra-me ao ouvido pela noite fora vezes e vezes sem conta, que esqueça tudo. O que realmente assusta é perceber que começo a gostar de ter a cabeça fudida, assim as coisas más tornam-se menos más, é quase romântico quando acompanhada por um longo monologo de fumo de cigarros…

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Parece...

Há uns tempos fui eu. E tu também, mais que tu. Queria dizer que não me recordo, e essa talvez seja e porventura é minha maior lacuna. Não me lembrar...Tenho um vazio de várias horas que me preenche toda uma vida. Tenho uma festa no meu corpo por onde não passa luz, e onde se projecta um arco-íris. Por girias populares diz-se que “tudo quanto é bom passa rápido”. Assim Permitam-me discordar, tudo quanto é bom, dura uma vida. Preenche-nos a memoria, até esta transbordar materializando-se em lágrimas ou sorrisos. “Caminho a teu lado”, costumávamos dizer um para o outro (maldita sorte...) o que não queríamos, falávamos aos atropelos, e brincávamos com a alegria de duas crianças que não entendem o amor. Entretanto o tempo, com as suas características habituais, manteve-se a par dos nossos passos, perscrutando, avaliando, devagar, depressa, escondido ou de surpresa, e piscou-nos o olho, ajudou-nos a atravessar tantos mares e barreiras necessárias, deixando-se ficar, passeando... e assim o próprio tempo, deu-nos tanto tempo quanto ele tinha

A teu lado, como se tivessem cortado os fios do pára-quedas (sem toda a lentidão do tempo, fomos devagar...) entras tu; tão rápida como suave, aqui. Alterando zéfiros, com redemoinhos, fazes de mim teu, do meu espaço, nosso, da minha vida uma vida. Encontras-me. Descubro-te. À pouco tempo foste tu. E eu, parece-me, mais que eu próprio. Obrigado.

Mas....

Tal como uma mosca chata e mole que descreve círculos sobre as nossas cabeças incomodando, não pelo zumbido, mas pelo que os outros possam pensar de nós caso não tomemos nenhuma decisão relativamente a mesma. De qualquer forma, nunca estamos satisfeitos com a vida. Quem esta junto sente, sempre, falta de qualquer coisa: uns dos amigos, outros das noites passadas em claro, outros ainda das surpresas que estavam para vir.

Habituados, em todos sopra uma nostalgia. Quem está sozinho sente, sempre, falta de qualquer coisa: de uma longa e profunda conversa a dois, de se sentir seguro, do que fazer aos domingos ou de um/a confidente... Em todos sobra ansiedade. Quem esta junto abomina a necessidade de relatar todos os passos que dá, quem esta sozinho abomina não ter ninguém para justificar e/ou desabafar. Uns vociferam a comodidade, outros discutem com a instabilidade. Os que estão juntos tratam mal a rotina, os outros desejam-na. Quem esta junto tende a relacionar-se com amigos na mesma condição. Iniciam-se, obrigatoriamente, os jantares com "casais"( sempre quis escrever esta palavra!) e, obrigatoriamente de novo, falar mal dos outros a caminho de casa; acaba por ser uma fórmula simples de aliviar a tensão e não falarem de si, dos problemas internos ao casal.

Os sozinhos procuram qualidades em todos, os outros procuram implicar com os defeitos do seu par. Uns falam mal de si, outros não se assumem como tal. Em determinada altura, os que estão juntos entendem ter morrido cedo, já os sozinhos não vêem o tempo passar. Uns demoram mais para sair, os outros muito mais para voltar. Quem esta junto vê na relação um filho sem ser planeado, quem está sozinho procura colher frutos em alcofas vazias.

Algumas vezes ganhamos, outras simplesmente ficamos á espera e sonhamos que encostamos a cabeça num ombro de conforto, o único problema é que esse ombro não tem rosto, mas parece-se com o da solidão.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Fonte...

Esta noite vou sair e vou brindar,
porque que me sinto mais velho do que aquilo que posso suportar.
E vou brindar a um sorriso que deixei sem alegria num passado não tão distante,
e que em algum momento de uma noite como esta,
foi a fonte de um verdadeiro amor.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Hoje

Não sei como consigo passar sem ti… é de madrugada, não durmo, precisava ter-te por perto, sinto falta e continuo a dormir com uma almofada vazia. Mas tu não me das nada, nunca pudeste dar, sou infeliz na tua ausência, mas a tua presença torna a minha vida lastimosa. Hoje não sei se é demasiada tarde, eu perdoo, não tenho rancor, só dores. Mas não sei como estar assim, será que a dúvida, a mágoa, que todo este tempo foi provocada, mas unicamente suportada pela tua presença, a tua presença que me completava e deixava feliz, faz sentido?! Não sei se foram inúteis, os dias e noites que passamos, agora só queria ter-te aqui por mais um momento, não te iria tocar, não nada, simplesmente sinto-me sozinho. Os meus problemas têm o teu nome, e quantas vezes me tive que armar em forte, só para sentir-me um pouco mais seguro, para todos esses momentos em que procuravas uma desculpa para partires para longe, e abandonar-me, com um “desculpa, não consigo, preciso sair daqui”, não me magoarem mais. Hoje não sei, se prefiro a miséria da tua presença, ou a dor da tua ausência.